Concerto Atlântico

Data e horário 15 NOV _16h00
Localização igreja do convento de são pedro de alcântara
Concerto Atlântico em concerto
Direção musical
Pedro Caldeira Cabral

Música para uma Rainha *

A música como papel central nas cortes de D. João II e D. Manuel, com D. Leonor como grande patrona das artes, destacando-se na promoção da obra de Gil Vicente e na vivência de um rico universo sonoro e dramatúrgico da época.

* Estreia absoluta

Vilancete (Instr.) Pedro de Escobar (c.1465-1536)
Virgen bendita sin par Pedro de Escobar
Ninha era la Infanta Gil Vicente (1465-1536)
Avé Maria António Carreira (c.1520-1594)
Partindo-se João Roiz de Castel Branco (s.XV)
Muy serena está la mar Gil Vicente
Pavanas Luis Milán (c.1500-1561)
Passame por Dios barquero Pedro de Escobar
No val das mais belas atr. Bernardim Ribeiro (1482-1552)
Tento a 4 do V tom Dom Heliodoro de Paiva (1502-1552)
Qual de nós vem mais cansada Gil Vicente
Com estes ventos d’ agora D. João de Menezes (c.1487-1579)
No me firays madre Gil Vicente/Juan Vasquez (1500-1560)
Senhora bem poderey Anónimo
Quem tem farelos Gil Vicente
Propyñan de Mellior (Instr.) Anónimo

A Arte de Música ocupava um lugar de grande importância nas cortes de D. João II e de D. Manuel, tanto em funções cerimoniais religiosas como no Teatro e nos momentos lúdicos em espaços palacianos. Dona Leonor foi certamente uma destacada protetora das Artes, das Letras e da Música e deu particular importância à representação dramatúrgica com a obra de Gil Vicente em destaque. O seu Livro de Horas revela-nos as ilustrações de alguns dos instrumentos que decerto ouviu, como as charamelas e atabales, as trombetas e buzinas de caça, mas também o órgão, o saltério, o alaúde e a harpa, entre muitos outros.

A rainha D. Leonor, desde a tenra idade em que casou com o príncipe D. João, decerto usufruiu do prazer da escuta de uma das Capelas Reais de Música mais celebradas do seu tempo.

Sabemos hoje que a doença que a atingiu aos 36 anos e lhe limitou a mobilidade, a levou a afastar-se dos divertimentos da corte, mas, apesar disso, há notícia de que, mesmo debilitada, assistiu no cais à partida da princesa D. Beatriz para Sabóia e, talvez, à exibição de algumas das peças do seu protegido e celebrado dramaturgo Gil Vicente de quem apresentamos algumas canções contemporâneas da nossa Rainha.

No seu período de vida foram compilados os mais importantes Cancioneiros Musicais Ibéricos dos quais extraímos as canções (Romances, Cantigas e Vilancicos) de autores portugueses e espanhóis seus contemporâneos e com laços diretos com a vida musical das cortes peninsulares.

Completamos o programa com uma seleção de peças instrumentais de compositores ibéricos que esperamos contribuam para uma melhor fruição do contexto estético-musical da época em que viveu Dona Leonor.

Pedro Caldeira Cabral

Nasce em Lisboa em 1950. Inicia a aprendizagem musical na infância em ambiente familiar, tocando flauta de bisel, guitarra clássica e cítara portuguesa. Estuda teoria musical, composição, história da música e música antiga, com os profs. Artur Santos, Jorge Peixinho. Pilar Torres e Santiago Kastner, entre outros. Desenvolve como compositor, um estilo original próprio para guitarra solista, compondo também música de câmara para Teatro, Cinema e Bailado.

Funda e dirige: os grupos La Batalla e Concerto Atlântico especializados na interpretação de Música Antiga em instrumentos históricos e o Centro de Estudos e Difusão de Música Antiga, apresentando as primeiras restituições modernas do Cancioneiro de D. Dinis, Cancioneiro de Estevão da Guarda e Cancioneiro de D. João Peres d'Aboim, entre muitos outros programas. É responsável pela direção artística do Festival de Guitarra Portuguesa na Expo 98, em Lisboa.

No âmbito da sua atividade de investigação organológica, a Ediclube publica o livro “A Guitarra Portuguesa”, de que é autor. Concebe e apresenta a exposição “À Descoberta da Guitarra” no Museu Abade de Pedrosa, integrando o Festival Internacional de Guitarra de Santo Tirso. Dirigiu o Festival de Música Medieval de Carrazeda de Ansiães e o ciclo de concertos “O Som das Musas”, em Vila Flor.

Da sua vasta e variada discografia, salienta-se a conceção e publicação de dezasseis CDs como solista de cítara portuguesa, para as editoras internacionais EMI, RCA, GHA, BMG, Fenn e para as nacionais Tecla, Orfeu, Radical Media, Foco Musical, Tradisom, Primetime, etc. Entre outros programas, dirige atualmente o espetáculo do Concerto Atlântico “A Música da Lírica de Camões”, celebrando os 500 anos do aniversário do poeta. Maria Repas Gonçalves-Soprano, tambor e pandeireta. Outros Músico - Soprano, tambor e pandeireta.

Concerto Atlântico

O nome deste grupo é formado por duas palavras plenas de significado para os portugueses e diretamente relacionadas com a música que interpreta: a palavra Concerto era usada no Renascimento para designar conjuntos instrumentais ou grupos de vozes e instrumentos tocando simultaneamente; o Atlântico é a matriz, espaço e símbolo, via que possibilitou no passado o sonho da expansão e o encontro de culturas e povos que nos enriquece no presente.

O Concerto Atlântico é formado por especialistas na interpretação de música dos séculos XV a XVII, utilizando instrumentos históricos (cópias de instrumentos da época) com critérios interpretativos que procuram valorizar aspetos da expressividade do reportório a que se tem dedicado.

Fundado e dirigido por Pedro Caldeira Cabral, o grupo, formado em 1991, tem efetuado inúmeros concertos no território continental e regiões autónomas da Madeira e dos Açores. Tem além disso atuado no estrangeiro, nomeadamente Holanda (Utreque, Holland Festival, 1992), Marrocos (Festival Internacional de Rabat, 1992 e 1993), França (Paris, 1993 e 1994), Inglaterra (Londres, 1994), Alemanha (Berlim, 2007) e R.P. da China (Macau, 2010). O Concerto Atlântico tem-se também apresentado com alguma regularidade na Rádio (RDP Clássica, Portugal, VPRO, Holanda, BBC 3, Inglaterra, Radio France Culture, França, ZDF, Alemanha, etc.) e Televisão (RTP 2) e gravou um CD intitulado “Meus olhos vão pelo Mar…”.

É atualmente o único quinteto de Violas de Arco em Portugal, sendo os seus membros poli- instrumentistas e formando também atualmente o único coro de Charamelas no nosso país.
Tem realizado programas especiais com formações corais de adultos e crianças, bem como com atores e bailarinos especializados na dança renascentista.