Arte Minima

Data e horário 16 NOV _16h00
Localização igreja do convento de são pedro de alcântara
Arte Minima
Direção musical
Pedro Sousa Silva

Itinerários Musicais no tempo de D. Leonor

Concebido para a Temporada Música em São Roque, o concerto evoca as paisagens sonoras da Lisboa quinhentista de D. Leonor, onde a música, entre manuscritos e edições, guiava a escuta numa corte de devoção e saber.

Parte 1 - Música Manuscrita
Miguel da Fonseca, fl. c.1530–1544, In splendoribus, P BRd Ms 967
Pedro de Escobar, c.1465–depois de 1535, Stabat mater dolorosa, P-Ln CIC 60
Pedro de Escobar, c.1465–depois de 1535, Fatigatus Iesus, P-Cug MM 12
Pedro de Escobar, c.1465–depois de 1535, Clamabat autem mulier, P-Cug MM 12
André Moutinho, séc. XVI (activo), Veni sponsa Christi, P-Pm MM 40
António Lopes, séc. XVI (activo), Heu mihi Domine, P-Pm MM 40

Parte 2 - Música Impressa
Juan de Urrede, c.1430–depois de 1482, Nunqua fue pena maior, Harmonice Musices Odhecaton A (1501)
Josquin des Prez, c.1450/55–1521, Memor esto verbi tui, Motetti de la corona, Liber 1 (1514)
Antoine de Févin, c.1470–1511/12, Tempus meum est, Motetti de la corona, Liber 1 (1514)
Noel Bauldeweyn, c.1480–depois de 1513, Quam pulchra es et quam decora, Motetti de la corona, Liber 4 (1519)
Jean de La Fage, fl. c.1518–c.1530, Elizabeth Zachariae magnum virum genuit, Motetti de la corona, Liber 2 (1519)
Costanzo Festa, c.1485/90–1545, Tribus miraculis, Motetti de la corona, Liber 4 (1519)
Johann Walter, 1496–1570, Christ lag in Todesbanden, Eyn geystlich Gesangk Buchleyn (Wittenberg, 1524)

Parte 3 - Kyrie Tenebrarum
Anónimo, ca. 1500, Kyrie Tenebrarum, I Nn Cod. I.E.32 (Biblioteca Nazionale, Nápoles)

Arte Minima propõe um programa em torno das paisagens sonoras do tempo de D. Leonor (1458–1525): uma Lisboa de corte, devoção e livros, onde a música circula primeiro em manuscritos e, logo depois, em edições que aceleram a difusão.

Concebido expressamente para a Temporada Música em São Roque, o concerto mostra como o som viaja e transforma a escuta.
A estrutura organiza-se em três painéis:
— Manuscritos portugueses c.1500 — Polifonias de função litúrgica preservadas em códices de Coimbra, Braga e Porto, com autores anónimos a par de Pedro de Escobar, Miguel da Fonseca ou André Moutinho.
— A década de 1520 e a explosão dos impressos musicais — Com Petrucci e Andrea Antico, a página impressa fixa motetes, normaliza grafias e cria um léxico europeu comum; as obras escolhidas revelam ambientes italiano, franco-flamengo e germânico e uma nova velocidade de circulação.
— Os Kyrie tenebrarum e a Capela Real Portuguesa — a primeira obra polifónica associada à Capela Real, escrita para o Ofício de Trevas, sobrevive graças ao percurso cortesão do manuscrito ligado à Infanta D. Maria e hoje em Nápoles: solenidade contida, cruzando traços medievais e renascentistas.

Pedro Sousa Silva

Flautista, diretor e investigador, dedicado há mais de vinte e cinco anos aos reportórios medieval, renascentista e barroco. Estudou flauta de bisel com Pedro Couto Soares (ESML) e com Pedro Memelsdorff (Civica Scuola di Musica di Milano); formou-se em musicologia (Universidade Nova de Lisboa) e doutorou-se na Universidade de Aveiro com uma tese sobre a articulação entre teoria e prática no Renascimento. Realizou mais de duzentos concertos na Europa Ocidental e no Brasil, colaborando com músicos tais como Enrico Onofri, Riccardo Minasi, Lawrence Cummings ou Amandine Beyer.

Apresentou-se como solista em palcos como CCB, Casa da Música, Palau de la Musica Catalana ou Concertgebouw Brugges. Atualmente reparte a sua atividade artística entre o seu ensemble Arte Minima (com foco na música portuguesa do século XVI), a orquestra barroca Gli Incogniti (dir. Amandine Beyer), onde atua como solista em Bach, o grupo renascentista Capella Sanctae Crucis (dir. Tiago Simas Freire) e o grupo medieval Vozes Alfonsinas (dir. Manuel Pedro Ferreira).

Enquanto diretor artístico da Arte Minima (fundado em 2011), equaciona a performance a partir das fontes: leitura direta de impressos, trabalho filológico e exploração organológica com cópias exatas de flautas históricas. Esta abordagem informa uma sonoridade intimista que cruza voz e instrumento, procurando uma retórica de “musica secreta” — o detalhe, a densidade contrapontística e a inteligibilidade do texto como motores expressivos.

Gravou para várias etiquetas europeias com os seus projetos Arte Minima (Pan Classics), A Imagem da Melancolia (Challenge) e em colaboração com Gli Incogniti (Harmonia Mundi), Cappella Sanctae Crucis e Vozes Alfonsinas.

É Professor Coordenador na ESMAE/IPP, corresponsável pela criação do Curso de Música Antiga, e responsável pela Pós-Graduação em Estudos Avançados de Polifonia. É convidado regular por instituições de referência (Schola Cantorum Basiliensis, Universität für Musik und darstellende Kunst Wien, Koninklijk Conservatorium Brussel, Conservatoire Supérieur de Musique et Danse de Lyon, entre outras) para master classes e seminários sobre performance renascentista.

A sua atividade de investigação inclui a participação em vários projetos internacionais centrados na música ibérica e europeia antiga, tais como Lost & Found (IP: João Pedro d’Alvarenga), Hieronimite Plainchant Project (IP: Océane Boudeau) e Chanter les Motets (HEM Genève, coord. David Chappuis). No âmbito da COST Action EarlyMuse – Early Music in Europe, é Coordenador dos Stakeholders e co-líder do Grupo de Trabalho sobre Performance.

Arte Minima

Fundada em 2011 por Pedro Sousa Silva, a Arte Minima é um ensemble português dedicado à música dos séculos XV–XVII, com foco na redescoberta do património português. Trabalha diretamente sobre fontes primárias (manuscritos e impressos), sem mediação de edições modernizadas, numa abordagem filológica que cruza teoria, instrumentário e afinações históricas.

Após uma década de atividade em palcos de referência nacionais, a Arte Minima consolidou presença internacional com estreias em Madrid (Festival Internacional de Arte Sacro, 2024) e Helsínquia (Aurore Festivaali, 2025), e com apresentação em Nápoles (Fondazione Turchini, Junho de 2025).

A discografia inclui In Splendoribus (2021), com peças inéditas das Sés de Braga e do Mosteiro de São Bento da Vitória (Porto), e Francisco de Santa Maria — Missa O Beata Maria (2023), pela Pan Classics. Em 2025 iniciou-se a edição faseada da integral dos motetes de Vicente Lusitano (Liber Primus Epigramatum, 1551), também na Pan Classics, com conclusão prevista para 2026.

A Arte Minima tem recebido apoio de: Direcção-Geral das Artes, Fundação GDA, Câmara Municipal do Porto, Caixa Geral de Depósitos (Prémio Caixa Cultura), CCDRN / Direção Regional de Cultura do Norte, CESEM, ESMAE-IPP, Instituto Politécnico do Porto, PORTIC e Antena 2.