INÍCIO / Coro do Teatro Nacional de São Carlos
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
29 NOV _19h30
Igreja de São Roque
Fotografia por Bruno Frango
Madrigais Camonianos
Giampaolo Vessella | Direção musical
Kodo Yamagishi | Piano
Quartetto pastorale
I gondolieri
La passeggiata
Camille Saint-Saëns
Deux Choeurs, Op. 68
Francisco de Lacerda
Amar
Luís de Freitas Branco
Doces Lembranças
Qual tem a Borboleta
No Mundo
Num Bosque
Eurico Carrapatoso
Vita brevis
Quatro cantos do mundo [encomenda TNSC]
Notas ao programa:
O programa do concerto é bipartido, uma parte dedicada à música de dois compositores de ópera, Rossini e Saint-Saëns, e uma segunda parte, dedicada à música portuguesa e a Camões nos 500 anos sobre o seu nascimento.
Foi em 1524 que nasceu o mais genial poeta da língua portuguesa: Luís Vaz de Camões, Uomo Universale português. Soldado, brigão, namoradeiro, crítico, irreverente, Camões teve uma vida rica em aventuras e viagens, e todas estas experiências alimentaram a sua obra poética de uma forma única, que continua a comunicar connosco pelo modo como aborda a condição humana.
Depois de se retirar prematuramente da composição de óperas, Gioachino Rossini (1792-1868) foi autor, já no final da sua vida (entre 1857 e 1868) de um conjunto de elegantes obras para salão que ironicamente intitulou Péchés de Vieilles (pecados de velhice), por oposição aos convencionais pecados de juventude. Entre estas, encontram-se vários quartetos vocais acompanhados ao piano.
Camille Saint-Säens (1835-1921) compôs Calme des nuits e Les fleurs et les arbres em 1883. Deux Choeurs op. 68 é um díptico profundamente expressivo, que capta na perfeição o carácter da noite e a frescura primaveril.
O compositor açoriano Francisco de Lacerda (1869-1934) alia a linguagem romântica à inspiração popular portuguesa, nomeadamente nas suas Trovas, um conjunto de canções para canto e piano onde a língua portuguesa é exaltada.
Luís de Freitas Branco (1890-1955) honrou a poesia de Camões pensando em diferentes agrupamentos e de várias formas, entre as quais, os dois ciclos de Madrigais Camonianos que escreveu. Doces Lembranças; Qual tem a Borboleta; No Mundo e Num Bosque fazem parte do 1.º ciclo, para coro misto a cappella (1930-1943).
Eurico Carrapatoso (1962) abordou igualmente a condição humana na obra Vita Brevis (2015), reflexão poético-musical sobre a vida a partir de poemas de William Blake.
Em Quatro Cantos do Mundo, encomenda do São Carlos para celebrar o 80.º aniversário do Coro, são evocadas quatro geografias distintas: Timor, Brasil, Angola e Todo o Alentejo deste mundo. A obra, encomendada pelo São Carlos, foi escrita em três versões: coro e orquestra, coro a capella e coro e piano, que será apresentada neste concerto.
É, desde janeiro de 2021, maestro titular do Coro do Teatro Nacional de São Carlos. Estudou trombone, composição, música coral e direção coral no Conservatório de Música Giuseppe Verdi, em Milão. De 2016 a janeiro de 2021, foi maestro do Coro da Devlet Opera Ve Balesi de Ancara e, de 2018 a janeiro de 2021, desempenhou as funções de orientador vocal do Coro da Rádio e Televisão da Turquia. Simultaneamente à sua carreira como barítono solista, prosseguiu a atividade como maestro de coro, a partir de 1993, quando criou o Schola Cantorum «Cantate Domino» de Carbonate (Itália). Em 1996, fundou o Coro «Euphonia», em Carbonate, do qual foi diretor artístico e orientador vocal. O Coro «Euphonia» foi levado à descoberta do mundo da ópera, tendo interpretado, ao longo dos anos, os mais importantes títulos do repertório melodramático. De janeiro de 2002 a 2016, dirigiu o Coro Lirico dell’Associazione Musicale Calauce de Calolziocorte (Itália). De 2006 a 2016, dirigiu o coro lírico «Corale Arnatese» e, de setembro de 2012 a 2015, foi o maestro do Coro Operístico de Mendrisio (Suíça). Em 2015, fundou o Coro Sinfónico Ticino. Durante vários anos, lecionou técnica, pedagogia e didatismo de canto para maestros de coro, em cursos organizados pela Unione Società Corali Italiane, da qual foi membro do Comité Artístico. Como freelancer, é regularmente convidado, por ensembles e coros, a orientar masterclasses e cursos de canto, tanto em Itália como no resto do mundo.
Kodo Yamagishi
Natural do Japão, começou os seus estudos de piano e teoria da música aos 7 anos. Entre 1988 e 2002, viveu em Viena, onde estudou piano, canto e direção orquestral no Conservatório de Viena e na Universidade de Música de Viena. Realizou o seu primeiro recital de piano solo aos 21 anos em Bad Hall. Desde 1997, colabora em produções de ópera e foi assistente da maestrina Agnes Grossmann no «Wiener Sängerknaben». Colaborou em masterclasses no «Wiener Musikseminar» com o maestro Ervin Acel e dirigiu concertos com a Orquestra Sinfónica de Oradea na Roménia, na Áustria e em Portugal. A partir de 2002, foi contratado como Kapellmeister no Pfalztheater e, desde 2004, é maestro assistente do Coro do Teatro Nacional de São Carlos. É professor na Universidade de Évora e no Conservatório de Sintra. Em 2009, colaborou no Festival Mozart em La Coruña e foi convidado como maestro do coro no Devlet Opera ve Balesi, em Istambul. Mantém colaborações com o Coro Sainte-Thérèse de Martinica e com o Spaziomusica em Orvieto. Dirigiu concertos com orquestra em vários países, em três continentes, e foi premiado no concurso internacional de direção orquestral da Osesp em São Paulo, em 2006. Como pianista acompanhador, atuou em concertos notáveis, incluindo apresentações no Japão, em 2005, e nos Açores, em 2018.
Coro do Teatro Nacional de São Carlos
O Coro do Teatro Nacional de São Carlos, criado em 1943 sob a titularidade de Mario Pellegrini, tem atuado sob a direção de importantes maestros (Pedro de Freitas Branco, Votto, Serafin, Gui, Giulini, Klemperer, Zedda, Solti, Santi, Rescigno, Navarro, Rennert, Burgos, Conlon, Christophers, Plasson, Minkowski, entre outros) e colaborado com marcantes encenadores (Pountney, Carsen, Vick). Entre 1962 e 1975, o Coro colaborou nas temporadas da Companhia Portuguesa de Ópera (Teatro da Trindade), tendo-se deslocado com a mesma à Madeira, aos Açores, a Angola e a Oviedo. O conjunto tem regularmente abordado o repertório de compositores nacionais (Alfredo Keil, Augusto Machado) e tem participado em estreias mundiais de óperas de Fernando Lopes-Graça, António Victorino d’Almeida, António Chagas Rosa e Nuno Côrte-Real. Em 1980, formou-se um primeiro núcleo coral a tempo inteiro e, três anos depois, assumiu-se a profissionalização plena, sob a direção de Antonio Brainovitch. A partir de 1985, a afirmação artística do conjunto foi creditada a Gianni Beltrami, e o titular seguinte foi João Paulo Santos. Sob a responsabilidade destes dois maestros, o Coro registou marcantes êxitos internacionais: Grande messe des morts de Berlioz (1989 – Turim); Requiem de Verdi (1991 – Bruxelas) e Concerto Henze/Corghi (1997 – Festival de Granada). Giovanni Andreoli assumiu o cargo em 2004. Sob a sua direção, o Coro averbou êxitos num vasto e variado repertório. Em 2005, o Coro foi convidado pela Ópera de Génova para participar em récitas da ópera Billy Budd de Britten, convite que se repetiu em 2015. Giampaolo Vessella é o maestro titular desde janeiro de 2021.