Ensemble SEO

Data e horário 14 NOV _19h30
Localização igreja de são roque
Ensemble SEO em concerto
Direção musical
Cesário Costa

Missa em Dó maior de Leal Moreira

As estreias modernas das Missas de Leal Moreira e Silvestre Serrão constituem contributos significativos para a valorização do património musical sacro português, num gesto que homenageia o legado espiritual e cultural da rainha D. Leonor.

JOAQUIM SILVESTRE SERRÃO (1801-1877)
Missa de Credo (estreia moderna/transcrição e edição: Rui Magno Pinto)
I. Credo
II. Et incarnatus
III. Crucifixus
IV. Et ressurexit
V. Confiteor unum
VI. Et expecto
VII. Et vitam venturi
VIII. Sanctus
IX. Benedictus
X. Agnus Dei

ANTÓNIO LEAL MOREIRA (1758-1819)
Missa em Dó maior (estreia moderna/transcrição e edição: Miguel Anastácio)
I. Kyrie
II. Gloria
III. Laudamus Te
IV. Gratias agimus tibi
V. Domine Deus
VI. Qui tollis
VII. Qui sedes
VIII. Quoniam
IX. Cum Sancto Spirito

Cesário Costa | Direção Musical
Sintra Estúdio de Ópera | Produção

A Missa em Dó maior, escrita entre 1780 e 1800, inscreve-se na maturidade criativa de António Leal Moreira, mestre da Real Capela, cuja escrita se caracteriza pela assimilação das convenções do classicismo de influência italianizante, tão ao gosto da corte lisboeta.

A obra revela o domínio claro da forma e da retórica musical sacra, evidenciado no tratamento da textura coralorquestral, no equilíbrio das secções solísticas e na funcionalidade expressiva das cadências harmónicas, sendo a desenvolvida Fuga final sobre o texto "Amen" um claro exemplo deste domínio compositivo.

A interpretação moderna desta missa permite avaliar o nível de sofisticação de Leal Moreira, que aqui emerge como figura com plena autonomia estilística dentro do contexto ibérico setecentista. Leal Moreira aliás, destaca-se pela brilhante capacidade de criar música de grande impacto e efeito com recursos relativamente simples, como é caso da instrumentação da presente obra, que faz uso apenas de oboés, trompas e cordas (sem violas de arco).

No caso da Missa de Credo, o padre Joaquim Silvestre Serrão insere-se num horizonte estético marcado pela transição para a linguagem romântica embora ainda enquadrado num formalismo clássico. Natural de Setúbal, onde iniciou a sua formação viria, em 1841, a estabelecer-se em Ponta Delgada onde desenvolveu a maior parte da sua carreira como compositor.

A Missa de Credo evidencia um tratamento melódico de feição mais expressiva e o discurso contrapontístico convive com um lirismo mais individualizado, indiciando a adaptação de convenções clássicas a novas exigências de sensibilidade.

A estreia da obra não só restitui visibilidade a um compositor hoje ignorado, mas que alcançou fama notável no seu tempo, como permitirá a avaliação do modo como as instituições religiosas portuguesas funcionaram como veículos de atualização estética.

Neste sentido, a recuperação performativa destas duas missas transcende o simples resgate de repertórios olvidados. Trata-se de um gesto musicológico que reconfigura a cartografia do património sacro nacional, possibilitando uma leitura mais integrada das continuidades e mutações estilísticas que marcam a transição do classicismo para o romantismo em Portugal, e inscrevendo o repertório português num diálogo mais amplo com a história musical europeia.

Cesário Costa

Cesário Costa tem vindo a distinguir-se como um dos mais ativos maestros portugueses da sua geração. Depois de concluir, em Paris, o Curso Superior de Piano, estudou Direção de Orquestra, completando a Licenciatura e o Mestrado na Escola Superior de Música de Würzburg (Alemanha). Recentemente, obteve o Doutoramento pela Universidade Nova de Lisboa, com a tese "Noble et Sentimental: Pedro de Freitas Branco e a problemática da interpretação na música de Maurice Ravel". Em 1997, foi bolseiro do Festival de Música de Bayreuth e vencedor do III Concurso Internacional Fundação Oriente para Jovens Chefes de Orquestra e, desde então, foi convidado para dirigir inúmeras formações nacionais e estrangeiras. O seu reportório estende-se do barroco ao contemporâneo, incluindo mais de cento e trinta obras em estreia absoluta. Para além da direção de orquestras, tem exercido funções de docência e de programação musical em várias instituições. Foi Presidente da Metropolitana/Associação Música, Educação e Cultura, instituição que gere a Orquestra Metropolitana de Lisboa (da qual foi também Diretor Artístico). Foi Diretor Artístico e Maestro Titular da Orquestra do Algarve, da Orquestra Clássica do Sul, da Orquestra Clássica de Espinho, da Orquestra de Câmara Musicare, da Orquestra Bomtempo, Maestro Titular da OrchestrUtópica e Diretor Artístico do In Spiritum - Festival de Música do Porto. Paralelamente, assumiu lugares de docente em várias escolas e foi professor na Universidade Católica Portuguesa. É Investigador Integrado do CESEM (FCSH-UNL), Professor na Academia Nacional Superior de Orquestra, Programador de Música Erudita do Centro Cultural de Belém, Diretor Artístico dos Concertos Promenade do Coliseu do Porto, Diretor Artístico e Maestro Titular da Orquestra Sinfónica Ensemble e Maestro Titular e Diretor Artístico da Orquestra Municipal de Sintra - D. Fernando II. Apresentou-se em Espanha, França, Andorra, Alemanha, Escócia, Bélgica, Inglaterra, Itália, Dinamarca, Suécia, Macedónia, Polónia, Letónia, Roménia, Albânia, Malásia, Brasil, México, Cabo Verde, Moçambique, China, Turquia, Sérvia, Rússia, Argentina e Canadá, tendo sempre a preocupação de divulgar a obra dos compositores nacionais nos programas que apresenta. Em Portugal, tem colaborado com o Teatro Nacional de S. Carlos, a Casa da Música, o Teatro da Trindade, o Teatro Nacional S. João, o São Luiz Teatro Municipal, o Centro Cultural de Belém, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Fundação de Serralves, a Companhia Nacional de Bailado e a Companhia Portuguesa de Bailado Contemporâneo, entre muitas outras instituições. Trabalhou nos últimos anos com grande parte dos autores contemporâneos portugueses, em primeiras audições de ópera e de música orquestral. Colaborou com solistas como Patricia Kopatchinskaja, Martin Fröst, David Geringas, António Meneses, Jan Lisiecki, António Rosado, Branford Marsalis, Boris Berezovky, David Russel, Elisabete Matos, Ute Lemper, entre outros, e trabalhou com encenadores como Terry Jones, Luís Miguel Cintra, Beatriz Batarda, André Teodósio, João Pedro Vaz, Maria Emília Correia, Ricardo Neves-Neves, António Pires, António Durães, os coreógrafos Olga Roriz, Fernando Duarte, Victor Hugo Pontes, Vasco Wellenkamp, Miguel Ramalho e com La Fura dels Baus.

Ensemble SEO

O Ensemble SEO surge em 2024, resultando da alteração do nome da Orquestra de Câmara de Sintra que assim passou a ser designada, herdando a experiência e currículo acumulados desde 2004, ano em que se estreou. Desde então, entre outros locais, apresentou-se no Palácio Nacional de Sintra, Palácio Nacional de Queluz, Palácio Marquês de Pombal (Oeiras), Centro Cultural Olga Cadaval (Sintra), Igreja de São Roque (Lisboa), Teatro Pax Julia (Beja). Tem ainda participado em diversas produções do Sintra Estúdio de Ópera, em vários locais do País, com formações de música de câmara. Gravou um CD dedicado ao desenvolvimento da Sinfonia em Portugal no séc. XVIII, apresentando, em primeira gravação, diversas obras de autores portugueses inéditos. Integrou, em diversas edições, a programação do Festival de Sintra, apresentando sempre obras sacras portuguesas em estreia moderna. Na área da pedagogia, tem desenvolvido um trabalho junto das camadas mais novas da população, realizando concertos pedagógicos, dos quais se destacam os programas "Um Encontro com Mozart" e "Um Encontro com Bach". O Ensemble SEO está integrado no Sintra Estúdio de Ópera tendo sido dirigido, ainda sob a designação de Orquestra de Câmara de Sintra por diversos maestros como Jean-Sébastien Béreau, Cesário Costa, Álvaro Cassuto, Carlos Silva, Reinaldo Guerreiro, Henrique Piloto, Pedro Figueiredo e Fernando Marinho. Ainda com esta designação, participou nas edições de 2016 e 2017 da Temporada de Música em São Roque apresentando as estreias modernas das oratórias Il Trionfo di Davidde, de Brás Francisco de Lima e Salome, Madre de Sette Martiri Maccabei, de João Cordeiro da Silva.