(En)Cantos e (An)Danças
“No início não era o Verbo”, mas o som, a música… Obras de Alexandre Delgado, Anne Victorino d’Almeida, Eurico Carrapatoso, Constança Capdeville e Sérgio Azevedo, com duas estreias mundiais, uma delas em homenagem a Paula Rego.
ELEMENTOS
Ana Beatriz Manzanilla | Direção
Eduarda Melo | Soprano
Camerata Atlântica | Orquestra
PROGRAMA
Prelúdio para Cordas
Alexandre Delgado (1965 – )
Nursery Rhymes-Six nonsense songs for Paula Rego
Para Soprano e Cordas *
Sérgio Azevedo (1968 – )
Suite para Cordas
Anne Victorino d’Almeida (1978 – )
Pequena Música Lírica para Arcos
Eurico Carrapatoso (1962 – )
Visions d’Enfants
Para Soprano e Cordas, orquestração de Sérgio Azevedo *
Constança Capdeville (1937 – 1992)
* Estreia
NOTAS DE PROGRAMA
Infância (do latim “infantis”): é um termo composto por in (uma negação) e pelo particípio do verbo faris (“falar”). Chamavam-se “infantis” às crianças pequenas que ainda não falavam.
Este programa transporta-nos para a ideia de início, de infância, quer da arte quer dos seus temas. “No início não era o Verbo”, mas o som, a música.
O som antes da fala, a infância antes da idade adulta, a idade do raciocínio enunciado pela fala. O Prelúdio de Alexandre Delgado, escrito aos 17 anos, a infância de um criador, é continuada pela Suite para Cordas de Anne Victorino d’Almeida, uma das primeiras obras da compositora, ela própria filha de um grande nome da composição portuguesa, e pelas Visions d’Enfant, curtas peças para piano escritas por Constança Capdeville entre os 15 e os 18 anos, sobre o mundo visto por uma criança.
Constança Capdeville (1937-1992), de quem este ano, 2022, se assinalam os 30 anos da morte. Esta é uma revisitação da obra por Sérgio Azevedo, que foi seu aluno. Também Eurico Carrapatoso, outro aluno de Constança Capdeville, revisita o universo inicial, pré-verbal, com a sua Pequena música lírica para arcos, obra escrita a partir de peças anteriores, uma delas, a mais antiga, um “Chorinho”, escrita em celebração do nascimento do seu primeiro filho. Por fim, e assinalando o recente desaparecimento de Paula Rego (1935-2022), outra artista obcecada pelos temas da infância, estreiam-se as Nursery Rhymes, seis curtas canções de Sérgio Azevedo para canto e piano escritas sobre rimas infantis inglesas ilustradas por Paula Rego, e aqui adaptadas a orquestra de cordas, dessa forma ganhando novas e intrigantes cores.
Cantos e Danças que, na visão de uma criança, se transformam em Encantos e Andanças. Primeiro encantamo-nos, depois andamos, só no fim falamos. No princípio é a Música…
DADOS BIOGRÁFICOS
Camerata Atlântica
A Camerata Atlântica é um projeto musical idealizado pela violinista venezuelana Ana Beatriz Manzanilla, sua diretora artística.
Tendo como base 11 instrumentistas profissionais de cordas a Camerata tem a flexibilidade de poder ser alargada a uma formação mais ampla dependendo do repertório a executar.
Após o seu concerto inaugural em Novembro de 2013, a Camerata Atlântica apresentou-se consecutivamente com grande sucesso nos Dias da Música desde 2014 no Centro Cultural de Belém, no Festival de Música em Leiria, na Festival Experience da Universidade de Lisboa, no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian no âmbito dos Prémios Jovens Músicos 2014, na temporada de Música Gulbenkian 2015-16 com o trompetista Pacho Flores, no Festival Jardim de Verão da Fundação Gulbenkian 2018 e Natal em Lisboa da EGEAC em 2017, 2018, 2019 e 2020 na Temporada 2019 e 2021 do Teatro Joaquim Benite, no Festival das Artes de Coimbra 2019, na Temporada Música em São Roque 2019 e o Festival ao Largo 2020.
A Camerata Atlântica criou o Concurso Nacional de Cordas “Vasco Barbosa”, que contou com a sua primeira edição em 2015 e é já considerado um dos principais Concursos de Música a nível nacional.
Em Maio de 2016 foi selecionada pela Antena 2 para interpretar “Fuga para a América Latina” no encerramento da série especial da União Europeia de Rádios intitulada “A influência da América Latina”, com posterior transmissão na Alemanha, Bulgária, Croácia, Espanha, Grécia, Hungria, República Checa e Roménia.
Em 2017 atuou na programação oficial de Lisboa Capital Ibero-americana da Cultura, realizou concertos em Espanha e editou o seu primeiro CD intitulado “Fuga para a América Latina”.
Numerosos solistas têm atuado com a Camerata Atlântica, nomeadamente o contrabaixista Edicson Ruíz, a violinista Lana Trotovsek, os cantores Carolina Figueiredo, Cátia Moreso, Carlos Guilherme, Sandra Medeiros, os pianistas João Bettencourt da Câmara e Vasco Dantas entre outros. No ano 2021 com a editora Naxos lançou o seu segundo CD Bows Up! dedicado à música portuguesa para cordas dos séculos XX e XXI.